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Ulcera por fratura na falange distal do hálux

Amigos compartilho com vocês um caso bem interessante de um paciente que atendi durante três meses.
Paciente do sexo masculino, 67 anos. Diabetes Mellitus, insulinodependente. Amputado do membro inferior direito (amputação transfemoral).
Chegou ao consultório relatando ter uma ferida no dedo que não cicatrizava, decorrente de uma "topada" (trauma). Realizei o ITB do membro e estava com um valor de 0,7, o que despertou minha preocupação, mas felizmente o IDB deu valor igual. Verifiquei a sua glicemia capilar e estava em 185 mg/dL. Seu calçado inadequado, e ele completamente parestésico aos testes de sensibilidade.
O procedimento inicial foi a remoção das hiperqueratoses perilesionais, o curativo foi realizado com hidrogel com alginato de cálcio. Cobertura de compressas de gase encharcadas com ácidos graxos essenciais superoxigenados.
Apliquei a fototerapia com LED de 350 mW de potência da marca Ecco Fibras. Durante dois meses realizei este protocolo, que geralmente funciona em ulceras isquêmicas. Mas neste caso ele começou a apresentar no leito da ferida uma fibrose, explorei o leito da ferida com um bisturi descartável de número 15, senti uma estrutura sólida tocando a lâmina, peguei uma pinça Anatômica e explorei mais profundamente, observei então que havia uma fratura na falange distal do hálux (proveniente da "topada", mas que esta estava ainda presa por uma fibrose e fragmentando-se, o que liberou vários corpos estranhos dentro do dedo (da ferida), com uma broca estéril de diamante consegui soltar o fragmento do osso. Procedi com a higienização da lesão com Solução salina 0,9% com clorexidina 2%. Feito isso realizei uma sessão de PDT com Cúrcuma longa a 0,02%, com finalidade de eliminar microrganismos potencialmente patogênicos.
Após a remoção do fragmento de osso a ferida iniciou um ligeiro processo de reparo, cicatrizando em 1 mês (4 semanas). Utilizamos a fototerapia LED com luz vermelha 4J duas vezes por semana. Não optei pelo uso do infravermelho por se tratar de um pé isquêmico e não apresentar de fato um processo inflamatório, nem edema apresentava.
Hoje podemos observar que o dedo está mais curto que o normal, mas isso se dá à ausência da falange distal.
Espero que gostem. Forte abraço e vamos juntos fazendo a diferença em nome de uma podologia que seja mais científica e unida acima de tudo.
Fragmento de osso da falange distal que provocava a ulcera por meio de cisalhamento.

Ulcera digital subungueal que comprometia o crescimento do corpo da unha com presença de fibrose e hiperqueratose perilesional.

Fototerapia com LED vermelho

Lesão cicatrizada após dois meses de tratamento.

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